Saiba o que pode significar a sua falta de ar.
O cansaço e falta de ar são sintomas que costumam andar juntos, por isso, são muitas vezes tratados pelos pacientes como se fossem a mesma coisa. Não são.
A falta de ar, designada na medicina como dispnéia, é uma sensação de dificuldade para respirar. É a impressão de que a quantidade de ar que entra nos pulmões é insuficiente. Pode-se manifestar também como uma dificuldade para expulsar o ar já respirado.
O cansaço ou a fadiga, é a dificuldade de se realizar esforços, mesmo que mínimos, como escovar os dentes ou pentear os cabelos. Para saber mais sobre as causas de cansaço, leia: CANSAÇO | FADIGA | Principais causas.
O cansaço e a falta de ar costumam estar juntos, mas podem surgir isoladamente. Neste texto vamos falar apenas sobre a falta de ar. O cansaço será abordado em um texto próprio.
A dispnéia apesar de parecer um sintoma muito subjetivo, na verdade não é. A sensação de falta de ar realmente é muito individual, mas nós médicos, através do exame físico e de análises, conseguimos determinar muito bem a gravidade da dispnéia.
Este detalhe é importante porque não é raro recebermos pacientes jovens e sem doenças queixando-se de dispnéia devido a uma crise de ansiedade. Neste momento é importante saber distinguir quem tem uma dispnéia real daqueles que acham que tem falta ar, quando na verdade não apresentam nenhum sinal de má oxigenação.
Leia o texto original no site MD.Saúde: FALTA DE AR | Causas e tratamento https://www.mdsaude.com/2009/09/falta-de-ar-dispneia.html#ixzz2Pc8gggo5
E uma vez estabelecida que a queixa de falta de ar realmente indica uma má oxigenação tecidual, é preciso quantifica-la para se avaliar a gravidade do caso.
Para poder distinguir as queixas de falta de ar da ansiedade das dispnéias reais, é preciso entender como funciona a captação e utilização do oxigênio do ambiente.
O ar entra nas vias aéreas, desce pela traquéia e chega aos pulmões. Nos alvéolos pulmonares (que na verdade são microscópicos e não como está no desenho acima) ocorre o que chamamos de trocas gasosas. O oxigênio vai para o sangue, e o gás carbônico (CO2), que estava no sangue vai pra o alvéolo para ser devolvido às vias aéreas e expelido na respiração. Portanto, inspiramos oxigênio e expiramos gás carbônico.
O oxigênio não fica "solto" no sangue. Ele precisa das hemácias (glóbulos vermelhos) para ser transportado para os tecidos. Uma vez nos tecidos, as células usam o oxigênio para produzir energia. Este processo produz CO2, que é captado novamente pelas hemácias e levado em direção aos pulmões para se reiniciar o ciclo.
A falta de ar é um sintoma que surge quando o cérebro recebe a informação de que a quantidade de oxigênio nos tecidos está baixa e não é suficiente para a sobrevivência das células ou quando a quantidade de CO2 está alta.
A falta de ar verdadeira pode, então, acontecer por vários mecanismos:
- Quando o nível de oxigênio no ar está baixo.
- Quando algo obstrui nossas vias aéreas e não conseguimos respirar adequadamente
- Quando o coração está fraco ou há alguma obstrução ao fluxo sanguíneo e não se consegue levar sangue oxigenado para os tecidos
- Quando há algum problema no pulmão que impede a troca dos gases (gás carbônico e oxigênio)
- Quando o sangue não consegue transportar oxigênio adequadamente, como nos casos de anemia grave ou hemácias defeituosas.
Assim que o cérebro recebe a informação de há má oxigenação dos tecidos, a primeira providência é aumentar a frequência e intensidade da respiração. Em adultos a frequência respiratória média varia entre 12 a 20 incursões por minuto. Chamamos de taquipnéia quando a frequência está acima de 20.
Não conseguimos contar a nossa própria frequência respiratória, pois uma vez que tomamos consciência da nossa respiração, ela passa a ser diferente. Quando nós médicos contamos a frequência respiratória dos pacientes, o fazemos sem que o mesmo se aperceba do fato.
O aumento da frequência respiratória é um processo de adaptação que ocorre a todo momento. Por exemplo, quando corremos precisamos gerar mais energia e por consequência, nossas células precisam de mais oxigênio. O que o cérebro faz? Aumenta a frequência respiratória e cardíaca. Mais oxigênio chega aos pulmões e mais sangue é transportado para os tecidos, resolvendo-se o problema.
Portanto, a primeira coisa que se faz frente a uma queixa de falta de ar, é contar a frequência respiratória. Não se espera que uma verdadeira falta de ar não venha acompanhado de aumento da frequência respiratória.
É importante salientar que uma pessoa com crise de pânico ou muito ansiosa pode perfeitamente estar respirando mais rápido pelo nervosismo, sem que isso indique falta de oxigenação real.
Quando a falta de ar começa a se intensificar, surgem alguns sinais de esforço respiratório. Um deles é o aumento e diminuição do diâmetro das narinas enquanto puxamos o ar. Este sinal é chamado de batimento de asa do nariz. Indica esforço para se puxar o ar.
Outros sinal de esforço é quando podemos notar a contração dos músculos do peito e da barriga enquanto se respira. O uso dos músculos acessórios da respiração é um sinal de desespero do organismo tentando aumentar de qualquer maneira o aporte de oxigênio para os pulmões.
Esse sinais podem ser vistos após exercícios extenuantes. Neste caso não há problemas pois após o repouso, em questão de minutos, a oxigenação adequada se restabelece.
Um sinal de gravidade da falta de ar é a presença de cianose, que é a tonalidade arroxeada dos dedos, lábios e nariz. Pessoas com problemas pulmonares crônicos apresentam um alargamento das pontas dos dedos, chamado de baqueteamento digital pelo fato dos dedos ficarem parecidos com baquetas de tambor.
Leia o texto original no site MD.Saúde: FALTA DE AR | Causas e tratamento https://www.mdsaude.com/2009/09/falta-de-ar-dispneia.html#ixzz2Pc8rOnzV
fonte: https://www.mdsaude.com/